Na seção de pescados dos supermercados americanos são vendidos salmões do Alasca made in China. Seriam salmões falsificados? Não. Os pescados são realmente obtidos em águas americanas. O insólito é que eles são exportados para Ásia para serem processados e embalados. Depois são importados e vendidos assim, como se vê na foto acima – feita ontem à noite em um supermercado da capital americana.
Há pelo menos trinta anos, as indústrias pesqueiras americanas desmontaram suas unidades de beneficiamento na costa dos Estados Unidos, venderam os terrenos para o surgimento de hotéis ou condomínios e passaram a enviam os peixes para China, onde o custo da mão de obra era até dez vezes mais baixo. Diferença que justifica os custos logísticos da operação.
Não só o salmão do Alasca passa por esse processo, como também o bacalhau e outras espécies como camarão e a lula coletados em outras partes da costa leste dos Estados Unidos. O negócio era perfeito e praticamente imperceptível do público em geral até o governo passou a exigir a rotulagem de procedência e a aplicação de tarifas passou a incidir sobre o peixe americano que era importado da China.
O curioso caso da indústria de pesca dos Estados Unidos é um exemplo perfeito para ilustrar como a América mordeu um anzol do qual está sendo difícil de se desvencilhar. A transferência de linhas de produção para China não só extinguiu empregos dos americanos em detrimento do financiamento do aparato chinês construído sobre empregos de baixíssima qualidade e muitas vezes análogos à escravidão.
Embora a China não seja mais tão barata como até uma década atrás, o país é altamente competitivo quando comparado com o custo da mão de obra dos Estados Unidos. A alta dos salários na China tem sido vista como uma janela de oportunidade para tentar convencer as empresas americanas a se instalar em outras partes do mundo, como forma de conter o crescimento do poder chinês.